17.6.07

SOBREMESA

O laboratório continua
experimentos mil
e faíscas por todo lado
reflexos do invisível
descendo a escada
lado a lado, a conspiração
a ação, reação, interrogação
fumaça subindo, desenhando o ar
ruídos da cidade, toda uma vida
o espectograma verídico disso tudo
enquanto ainda tem alguém aqui
depois, só o que restar
nada mais: sobremesa
vozes e latidos, uma moto gritando
mais latidos, mais motos
aviões, bombardeio
um tanque de guerra
(tem coisa mais ridícula??)
lutando pela paz
tudo isso e muito mais
tudo o que estiver além da margem
tudo o que for fragmento ou espiral
talvez algum tipo novo de infinito
fractais no meu lençol, rodam
rodam, funcionam, derretem
sou engolido pelo pano
mastigado, cuspido e escarrado
e quando eu era só um cuspe no chão
me lembrei de tudo o que já tinha esquecido
(2/11/5 1h00 am)

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