Vasculhe a Gaveta

10.8.07

GRANDE NOVIDADE

As ruas, calçadas, placas de trânsito, bueiros, grades, janelas, escadas, subindo e descendo, o concreto, cimento, tijolos, pedras, areia, a massa, tintas, cores, texturas, paredes, chão, teto, a grama, o céu, estrelas, a Lua, nuvens, viaturas policiais, caminhões de lixo, bicicletas, as crianças correndo, o catador de latinhas puxando sua carroça, os cachorros vira-latas e os gatos rasga-sacos, formigas, baratas, azulejos, a banca de revistas, os pontos-de-ônibus, o bêbado da praça e todos os taxistas, arbustos, gaiolas, os carros indo e vindo, as casas, prédios, becos-sem-saída, a praia, o mar, as ondas, antenas de celular, os aparelhos de TV, a energia elétrica, as folhas que caem no outono, a ventania, o movimento, fones de ouvido, um mergulho, um banho quente no inverno, as chaves, fechaduras, cadeados, correntes, portas, pessoas, personagens, as memórias de cada um, o tempo fugindo sempre, o jornal nacional, a copa do mundo, as favelas, a novela das oito, tramas, dramas, comédias, ilusões, frustações, um maço de cigarros, o cinzeiro entupido, as geladeiras, fogões, máquinas de lavar, o ronaldinho, a hebe camargo, jimmy hendrix, elis regina, meu pai, seu tataravô que você nem sabe quem é, os poços de petróleo, vulcões adormecidos, o movimento tectônico, o cometa harley, enfim, é tudo a mesma merda.
(2 de março de 2006 22h)

9.8.07

HORA CERTA

Tudo tem um começo
mas acabo terminando pelo final
..que acabou de começar

Detalhes, minúcias, nuances, sutilezas
o acabamento fino, a escultura milimétrica
tudo o que for sem sentido
e a mensagem oculta
com seus múltiplos significados

Enquanto tento decifrar o meu significado,
observo minha gata hipnotizada com a mosca que caça.
E me sinto perdido.. Sou insano, sou louco..(dizem as vozes perdidas..)
Sou eu, sou eu..(diz a voz encontrada..)
e quando parece que estou estático, na verdade estou mesmo
é aguardando o momento propício, a condição favorável,
enfim, a hora certa

8.8.07

Palavras na Parede

(ou: 'Dazed and Confused')

Não me sinto mais confuso
(como antigamente)
hoje eu uso e abuso
da clareza na mente
não sei quase nada de quase tudo
e o que eu sei não tenho certeza
mas sei nadar e não me afundo
mesmo indo contra a correnteza
porque o que eu quero é só o melhor
em todos os sentidos, todas as direções
pra mim, você e todo mundo ao meu redor
e isso sempre eu vou fazendo,
evitando as ilusões...

Paz: é muito mais do que uma palavra na parede.
é mais ou menos como se balançar numa rede
não é difícil nem é pra complicar
e vocês ficam tentando entender e explicar
sem perceber o tempo que perdem
ao invés de simplesmente aproveitar
(1/7/3)

7.8.07

SEQUELAS MIL

Minha cabeça pulula
e meu cérebro quase
que pula pra fora dela.
Nessas horas é foda
manter seu cérebro sob controle
(Já pensou na hipótese da minha
gata nunca ter existido?)
Muitos planos e sonhos.
Vivendo e vibrando.
Torcendo e esperando
que tudo dê certo.
Seqüelas mil, já viu...
É assim mesmo
em todo termo
nativo ou estrangeiro
agosto ou janeiro
raspada ou com pêlo
os últimos e os primeiros
sem sal ou com tempero
você vai ver...

5.8.07

FLASHBACKS

Flashbacks, retorcendo as paredes.
Novidades, só mais pó sob os tapetes.
A intensidade indescente dessa sede..
Vou murmurando e dissolvendo pelas ruas,
olho pro céu e já são mais de três luas.
Me balanço, trapezista do vazio.
Não me canso e vai queimando o pavio,
lento a voar como a fumaça do cigarro,
mas se desejar, piso no freio e logo paro..
Enquanto a vida for a vida eu vou
partindo deste ponto onde estou
e meu lugar é sempre um pouco mais
na frente d’onde eu estava um segundo atrás..
Parece fácil, mas nada é tão fácil assim,
nem tão difícil, que não se resolva no fim..
Mas vivo o hoje e duvido de um final,
a história segue, só que nem tudo fica igual
ao que era antes, o que era no começo,
seres errantes, aprendendo co’s tropeços..

4.8.07

COBERTOR

(título alternativo: 'Poema Tragicômico do Amor Exagerado em Tempos de Inverno')

Roubar o cobertor
só é um atalho
pra que o amor
se tranforme em dor!

3.8.07

A FOICE

Enquanto a lama escorre
cuspes no asfalto evaporam
tudo girando, funcionando
bem mais do que sistemas
ou qualquer coisa assim
bem mais que tudo: o caos
pedindo informação, pedindo um cigarro
e de repente (porque assim que tem que ser..)
não mais que de repente... a morte
vestida de branco, só pra disfarçar
te enganou direitinho
caiu como um pato
pato não, presunto mesmo
presunto no chão, sem mais delongas
foi dessa pra melhor
e veio bem no dia marcado
(justamente por isso, você nem esperava)
mas ela veio mesmo, no dia certo
local exato, pessoa, hora, foi.
E você tentou até dizer que não,
que devia ser com outra pessoa,
que com certeza a tua hora ainda não tinha chegado,
mas a morte é velha e surda,
rodopiou a foice no ar
e numa manobra exibicionista,
girou a lâmina tirando-lhe a vida
ela não estava pra brincadeiras,
e gostava de aparecer...

2.8.07

ALL MY LIFE

Junkie life.
All my life?
Junkie life,
All my life..
I don’t wanna get a wife.
I don’t want to eat witch knife.
Junkie life,
All my life!
(2005)

1.8.07

MARESIAS

O caos se desdobra,
surpreendentemente..
Máscaras caindo
Transparências, indecências
O ser humano num espelho
e por água abaixo algumas coisas.
Destroços, enfim. Monumentos de outrora.
Grande merda enfim, mas é claro
sempre nos resta a experiência.
Em sumo: Nada além da vida
aprendizados, erros, acertos, tentativas.
A esperança que lutou pra resistir
Uma gota d’água pingando após a outra
Incessantemente. No fundo da mente..
Perturbadoramente a uma hora dessas.
Sirenes no filme da TV me acalmam
mostrando que tudo poderia ser pior
Mas não tem muito efeito
continuo de galho em galho
macaco dos pensamentos
saltando idéias, árvores,
penhascos, despenhadeiros,
um bêbado na corda bamba
sem cair, minutos, horas,
dias, toda uma ou duas vidas,
insetos no gramado, pedras,
folhas, arbustos, ervas-daninhas
e uma flor, transformada em duas,
no reflexo mágico da água empoçada..
(2/2/6)

31.7.07

NADA

Mesmo que você
tome cuidado
mesmo que você
tome juizo
mesmo que você
tome antidepressivos
mesmo que você
tome o caminho errado
o mundo será o mesmo,
nada de novo no front..

30.7.07

MÚSICA

No som, tudo resulta do movimento. Cada barulho, cada ruído é um movimento. É também luz, cor, intensidade, textura, volume, contorno, ângulo. O som, pra quem o ouve e sente, pode ser visto, tocado, cheirado, engolido, cuspido, modificado. A música é a junção, a construção, a montagem engenhosa de seqüências de sons. Fazer música é arquitetura. Fazer música é criação. Fazer música é, quase, ser Deus.
(27/5/3)

29.7.07

EGOÍSMO EXPLICADO

Agora, aqui, eu.
Nada mais existe.
Só o egoísmo é possível.
Sem hipocrisias baratas,
sem teorias formadas,
porque todas elas,
hipocrisias, teorias,
saíram do ego de alguém,
de algum dono da razão.

(até mesmo está aqui,
que não é teoria,
nem hipocrisia,
ou talvez;
tudo isso junto
e mais um pouco,
ou quem sabe poesia
mesmo apenas tentativa)

Teorias, hipocrisias, poesias, tentativas,
são o egoísmo compartilhado...

28.7.07

MOMENTOS

Novo dia
Sol brilhando
Folha em branco
e a caneta nas mãos
Tenho tudo o que posso precisar.
Um momento tem que ser vivido.
Um momento é o tempo necessário
pra que tudo se ajeite melhor.
‘-Só um momentinho..’
Talvez toda uma vida.
(2006)

27.7.07

O TEMPO E A GRAVIDADE

O dinamismo me assusta e encanta
O quebra-cabeça se ajeitando
Certo como a areia d’uma ampulheta

(que tende a funcionar sempre,
desde que agente gire ela sempre)

26.7.07

PODE VIR

Cada mastigada
na torrada integral com patê,
vendo o nascer do Sol,
não é só uma mastigada.
É um sinal, avisando que,
ainda estou aqui e pronto pra luta
Cada torrada que mastigo e engulo
vorazmente vendo o Sol nascer,
é como se eu dissesse pro mundo:
“-pode vir!”, mas venha mesmo!!
(carnaval 2006)

25.7.07

TECNOLOGIA IMBECIL

As possibilidades de liberdade, intercambio, exposição e troca de idéias, informações e manifestações, são cada vez mais ampliadas graças às tecnologias informáticas de comunicação, processamento e armazenagem. Isso todo mundo sabe, mas o triste é que são possibilidades apenas, já que na prática, todo esse aparato do nosso presente futurístico, só é usado para finalidades banais e estúpidas na grande maioria das vezes.

24.7.07

MESMO LUGAR

A Terra gira,
apesar de não parecer.
Nunca estamos no mesmo lugar.
Porque o mesmo lugar não existe.

Sua cama sempre vai estar num lugar diferente
quando você chegar em casa. Porque sua casa toda,
sua rua, cidade, planeta, estão todos em outro lugar.

Assim percebe-se logo como é impossível voltar a
algum lugar, a não ser que você consiga voltar no tempo,
de outra forma não dá...
(22/5/4)

23.7.07

FINGIMENTO

Falo, falo e falo
e me finjo de vagabundo,
mas sei que no fundo no fundo
sou o maior workaholic do mundo

22.7.07

POEMA DA INQUIETAÇÃO

Anda!
Porque só andando pra saber...
Anda!
Porque quem não anda está parado
e não vai a lugar nenhum...
Anda!
Porque é pra isso que você tem pernas..
Anda!
Porque você não pode voar sempre!
Anda!
Pra onde você quizer!
E mesmo se não souber aonde ir,
Anda!
(19/1/3)

21.7.07

POESIA PESSIMISTA DO CONTENTAMENTO

Se não fosse assim,
seria pior.
Ou pior ainda.

20.7.07

RENOVÁVEL

Ligando idéias
com fios remendados
temo o curto-circuito
sem estabilizador
variações de voltagem
positivo ou negativo
corrente neutra
minha energia
não vem de nenhuma usina
minha fonte de energia
é renovável,
sou eu mesmo,
que me renovo a cada dia.

19.7.07

PROLAPSO

Que dia é hoje?
Tanto faz,
é hoje o dia
e aqui é o lugar
faça Sol ou faça chuva
seja dia ou noite
queira ou não queira
é tudo perda de tempo...

18.7.07

UM ESBOÇO

Eu quero é consumir logo tudo
pra ver se acaba o meu sofrimento...

O jogo das energias
se mostra realmente eficaz...

Bicicletas enferrujadas e com
todos os pneus vazios e furados

(ao longe escuta-se a melodia
do velho caminhão-de-gás...)

Parece um dia como outro qualquer,
enfim,
porque seria diferente?

As variantes (poucas) não me
cegam para as constantes (muitas..)

Aos poucos, me surge um esboço
de algo que pode vir a ser, quem sabe..
(carnaval 2006)

17.7.07

QUEM SABE UM DIA..

A explosão vem e aí já era,
Apocalipse now!
E eu espero, quem me dera..
Apocalipse now!
É só o fim da nossa era,
Apocalipse now!
Depois do inverno, a primavera!
Apocalipse now..
(2004)

16.7.07

PLANOS

Naquele dia nada tinha dado certo,
porque os planos eram muito certinhos
e as coisas não conseguem ser assim.
(30/9/2)

15.7.07

QUEBRANDO TUDO

Quebrando tudo, já que não tem conserto mesmo.
Despedaçar, desconstruir, deformar, destruir.
Tudo o que for velho, chato ou não sirva mais.
O que for bom, bonito, as lisergias, são preservadas.
E depois de tudo acabado, os restos vão pro lixo.
A faxina, a destruição e enfim a reconstrução.
É preciso então buscar novas e melhores soluções
Novos caminhos, novos modos de fazer as coisas.
Lembrando sempre de guardar bem tudo o que for bom.
E quebrando tudo sempre, todas as merdas e nóias...

14.7.07

PALAVRAS

Sempre
Tudo
Nunca
Nada

(2005)

13.7.07

NAS INTERNAS

Quero reformular, me reformular,
quero fazer tudo de novo,
de um jeito diferente,
quero prioridades, quero agir,
valores, conceitos, sonhos, vida,
tudo reiniciado: Reset Now!
Meu apocalipse explode por dentro
mas atinge tudo ao meu redor.
Amo a vida e sua mutação,
amo as coisas como elas são,
sou maluco, mas muito são..

12.7.07

FOTOGRAFIA

Estava pensando em algo sensato a escrever, mas percebo então que não há nada de sensato a ser escrito.

A foto é um objeto que contém em sí toda a essência de um determinado momento em algum ponto específico do universo. Quando vemos a foto de algum acontecimento no qual somos personagens, elas nos trazem à tona várias lembranças e flashes daqueles momento que você até pensava que tinha esquecido.

11.7.07

PEQUENO

Por onde começar,
tanto faz.
Aonde vou chegar,
não importa.

O importante é rodar por aí..
Passar por tudo um pouco,
porque no fundo é isso ai,
nesse mundo que já nasceu louco..

10.7.07

REFEITÓRIO

Eu me uso
como laboratório
químico, psíquico,
filosófico, social..

Sempre abuso
no refeitório
como até me encher
sempre mais que o normal

(metáforas sempre são válidas
e positivas, figuras de linguagem também,
mas aula de português já é xaropação..!)

9.7.07

CONTINUAMENTE

A vida continua
continua uma loucura
uma loucura sem fim
sem que nem porquê
porque assim é a vida
e a vida continua
continua uma loucura
uma loucura sem fim
sem que nem porquê
porque assim é a vida
e a vida continua..

8.7.07

PERFEITO

Mesmo que você seja perfeito,
pare no sinal vermelho,
de uma olhada no espelho..

Mesmo que você seja perfeito,
tome cuidado ao caminhar,
qualquer um pode tropeçar..

Mesmo que você seja perfeito,
olhe ao atravessar a rua,
a responsabilidade é toda sua..

Mesmo que você seja perfeito,
pense bem no que faz,
é impossível voltar atrás..
(19/3/3)

7.7.07

NO FIM

Anda,
mas não anda sem rumo certo,
tome logo uma atitude,
leve um pouco d’água pro deserto,
não espere que algo mude,
faça logo o que acha certo,
fique calmo, não se preocupe,
no fim vence o justo, não o esperto..
(30/3/3)

6.7.07

O LOBO

O lobo desce
a montanha azul
de gelo e neve
no pólo Sul

O lobo desce
a montanha azul
no frio inverno
ele desce de terno

5.7.07

ESCONDERIJO Nº2

Corri prum canto e me escondi.
Cinco minutos depois já não me encontrava mais.
Dali em diante minha vida tem sido essa
eterna busca por mim mesmo..
(2005)

4.7.07

THE END

...e a moto passou correndo. Montados nela estavam dois jovens, que carregavam consigo a essência do imediatismo. Estavam rápidos pra valer e sem capacetes, seus cabelos e roupas dançavam ao vento. O sangue também corria rápido nas veias. Já passava do meio-dia mas o Sol ainda estava bem encima de todos. O dia estava perfeito, o asfalto estava quente e a moto passou a mil...
(14/2/2)

3.7.07

A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR

Tratados, teorias, conferencias psicodélicas...
Jamais chegaram perto da verdade.
Thimoty Leary de cú é rola.
Foda-se o glamour artístico
(tudo altamente maléfico!)
Jimmy Hendrix que vá à merda
e leve com ele aquela bandana pingando ácido..
E quando à minha amada Elis-inigualável-Regina,
ela que se afogue com todo o whisky que agüentar..
Desejo também muita saúde e paz pra aquela família
feliz da propaganda de cereal matinal e muita piedade de mim..
(carnaval 2006)

2.7.07

MESMO LUGAR

A Terra gira,
apesar de não parecer.
Nunca estamos no mesmo lugar.
Porque o mesmo lugar não existe.

Sua cama sempre vai estar num lugar diferente
quando você chegar em casa. Porque sua casa toda,
sua rua, cidade, planeta, estão todos em outro lugar.

Assim percebe-se logo como é impossível voltar a
algum lugar, a não ser que você consiga voltar no tempo,
de outra forma não dá...
(22/5/4)

1.7.07

POEMA FALIDO

Agora,
um poema falido,
porque nunca mais
vai conseguir dar
o sentido desejado
e exato do agora
que estou sentido
exatamente agora.
(27/11/00)

30.6.07

SEM MOTIVOS

Não é só porque te amo
que tens que me ouvir
ou me dizer algo

Não é só porque te amo
que tens que agüentar
meus medos e paranóias

Não é só porque te amo
que tens que estar comigo
nos dias de chuva

Não é só porque te amo
que sou louco do absurdo
de te amar, por querer

Não é ‘só’ porque te amo,
mas sim, porque ‘te amo
e isso é tudo!’

29.6.07

NO OCEANO

“Nada como um dia após outro dia”
Nada como um café com leite
no estômago vazio.
Nada como a desconfiança
freqüente e total.
Nada como a falta de
assunto pra escrever.
Nada como uma baleia...

28.6.07

IMPROVISO

Uma pizzaria na esquina.
Fechada, com as cadeiras sobre as mesas.
Janelas dos apartamentos fechadas.
Na padaria alguns trabalhadores com sono,
servem café pra quem precisa ou quer acordar.
O teatro continua firme e forte, sem roteiro,
e a deixa já foi dada, só nos resta improvisar..

27.6.07

LOUCONSUMO

Minha máquina corpo que nunca para, roda e consome. Sempre um pouco mais. Mais uma cartela de chicletes, mais tickets de estacionamento, mais gasolina, mais um isqueiro, um cigarrinho, mais um copo de nescau, ou de tequila, mais uma dose, mais pasta de dente, mais roupas, sabão em pó, mais energia elétrica, mais água, mais um mês de aluguel e outra prestação do carro, mais um filme na locadora ou no cinema, mais um livro, mais um prato de comida, mais créditos pro celular, mais shampoo, sabonete, papel higiênico, mais giletes pra barba, mais cds, mais uma caneta, cadernos, acesso à internet, mais um cafezinho, um misto-quente, uma bala, um doce, mais um baseado, uma cerveja, mais óleo, fluido e pastilhas de freio, pneus novos, lençóis, cobertores, casacos, mais um milkshake no bob’s, mais um doritos, mais uma coca-cola, mais uma escova de dentes, mais um tênis, meias, mais um miojo, um copo de chá mate, mais cordas de violão, mais um dia, uma noite...

26.6.07

NAFTALINA

Tenho que me livrar de velhos fantasmas.
Teias de aranha que insistem em ficar grudadas.
Pelos cantos. Todos os cantos.
Sanguessugas de vida e esperança.
Tenho que jogar toda essa tralha no lixo.
Tem horas que a reciclagem é impossível.
E mesmo que fosse possível, não seria aconselhável.
Tem horas que o melhor é deixar tudo pra traz mesmo.
Enquanto isso fica só na teoria, vivo nesse emaranhado.
Em meio a mil nós cegos. Superbonder em lágrimas brilhantes.
Tudo nem meio a esse indescritível mozaico hipotérmico.
Quase congelante. Viagem no tempo, sempre pro futuro..
E os espirais na parede permanescem estáticos por alguns momentos.
É quando o limite entre o que eu quero que exista e o inadmissível se rompe.
E depois desse limite, lamento informa-lhes senhores passageiros, mas
depois desse limite, não há mais nada por ser observado...
nada além da vida, em sí e pura..
(11/6/7 19h46)

25.6.07

MUTAÇÃO

Eu queria ter olhos nas costas,
mas que ninguém ficasse sabendo.
Eu poderia ver muitas coisas,
sem saberem que eu estava vendo.
(17/10/00)

24.6.07

GLOBALIZAÇÃO

Golden Tamarin,
Não sei porque
Te chamam assim.
Golden Tamarin,
Tu és apenas
Um mico pra mim.
Golden Tamarin,
Só não vou pra amazônia,
Porque meu celular é da Tim.
Golden Tamarin,
Tu és um prenúncio
Da chegada do Fim.
(20/05/03 18h20)

23.6.07

PRECE

O caos me entrega o caderno
traço planos de acordo com
um dia de cada vez, com calma
paciência, que nunca matou ninguém
paciência, que acalma os justos
prefiro me retirar a uns 300 metros
ficar ali por cima só observando
o teatro cômico que se apresenta
mas meus olhos abertos pra tudo isso,
acarreta que estejam abertos também pra outro fato,
o fato de que (in)felizmente (?!?) não posso fugir,
também sou ator hilário, nessa comédia bizarra,
e represento meu papel querendo ou não,
mesmo que fosse o papel desse louco que
sabe sim da sua loucura, mas sabe também
que é (in)felizmente (?!?) tão são quanto
qualquer infeliz debaixo desse céuzaum!!!
do jeito que for
vamo nessa
se melhorar estraga..

22.6.07

IDEOLOGIA

Minha ideologia é a dos cachorros, dos gatos, dos mosquitos. Minha ideologia é a das folhas, flores, dos grilos. Minha ideologia balança com o vento. Minha ideologia é a dos vulcões, das tempestades, dos trovões e do Sol que seca tudo depois. Minha ideologia é a pura natureza, gritando, mugindo, fazendo como quizer...

21.6.07

INCOLOR

Tanta coisa a fazer
Hoje agora
Na cabeça azul
Aqui, lá fora
De doido de cola
Pra pirar num
Som viajandão a mil
Crunzand’o Brasil
Como eu queria aconteceu
Eu e vocês, vocês duas
Sua companhia agora
E também a sua
Aquele cantor imbecil
Mesmo quando não desafina
De sempre certo
Não chega nem perto
Rimando amor com dor
Criatividade com incolor
Indo longe mesmo
O cigarro aceso
No cinzeiro apagado
Já era, ta falado.
(2004)

20.6.07

CIENTÍFICO Nº326

Enquanto espero
sentado fumando
o tempo reto
vai circulando

Caóticos espirais,
espirros de vida.
Caóticos espirais,
esporros de vida!

A invenção da roda,
a química borbulhante,
faíscas..

As ondas batem e voltam.
Mas as ondas que voltam,
não são as mesmas
ondas que bateram..

19.6.07

RAIOS

No mesmo lugar de sempre
aqui de cima das antenas
posso captar melhor o sinal
que viaja pelo universo
decifrar o código,
quem vai saber ao certo?
Não existe tempo, nem distância,
não existe o longe e o perto.
São só idéias na nossa cabeça
assim como tantas outras coisas
São só idéias na nossa cabeça..
E continuo, continuamente,
no mesmo lugar de sempre..
(14/12/5)

18.6.07

DESCALABRO N°85

Nas horas mais imprevistas
Sob tanta chuva seca
Rastejando entre as núvens
A areia é sempre areia

Tudo é o que está
enquanto se está sendo
O que nunca foi, não será
Perto-Longe do veneno

Mergulhado em pelos curtos
assepticamente hipócrita
(ou hipócritamente asséptico)
Mastigo esse banquete defunto

Enquanto finjo que acredito
poeira, rocha, areia, partícula..
A mesa da sala me adimensiona
entre o leve e o rápido: Macaco
perplexo, estático, esculpido (eu..)

17.6.07

SOBREMESA

O laboratório continua
experimentos mil
e faíscas por todo lado
reflexos do invisível
descendo a escada
lado a lado, a conspiração
a ação, reação, interrogação
fumaça subindo, desenhando o ar
ruídos da cidade, toda uma vida
o espectograma verídico disso tudo
enquanto ainda tem alguém aqui
depois, só o que restar
nada mais: sobremesa
vozes e latidos, uma moto gritando
mais latidos, mais motos
aviões, bombardeio
um tanque de guerra
(tem coisa mais ridícula??)
lutando pela paz
tudo isso e muito mais
tudo o que estiver além da margem
tudo o que for fragmento ou espiral
talvez algum tipo novo de infinito
fractais no meu lençol, rodam
rodam, funcionam, derretem
sou engolido pelo pano
mastigado, cuspido e escarrado
e quando eu era só um cuspe no chão
me lembrei de tudo o que já tinha esquecido
(2/11/5 1h00 am)

16.6.07

PUBLICIDADE

Sentado numa mesa
da Antarctica.
Azul. Com pingüins.
A tatuagem nas costas da menina.
Conversa comigo. E me diz.
A vida continua. É grave.
É grávida. E de barriga de fora.
A gravidez oculta da menina-motorista.
Que se revela quando desce do carro.
Comentários dos mais vários. Esquisitos.
A coca-cola em seu último copo.
Garrafa vazia. Sem alma. Transparente.
Porque a alma da coca-cola é negra. E borbulhante.
A coca-cola é onipresente, como Deus.
Mas não é Deus, é só coca-cola.
E eu sei que ela se sente mal ao notar-se
em cima de uma mesa da antarctica.
Enquanto isso, lá de um canto quase escondido do trailer,
uma caixa de papelão me grita: ‘-Beba guaraná!’
Me sinto perdido e não sei mais o que beber.
O que eu faço se agora já é tarde demais
e eu já estou cheio de coca-cola???
Tudo bem, espero descer e tomo uns copos d’água...
Porque a sede sempre volta.

15.6.07

OS DADOS

Podem roubar tudo de mim
Nunca roubarão meu sonho
Podem me desacreditar
Duvidar de cada palavra minha
Eu continuo acreditando
Em mim, no mundo, nas coisas
No meu niilismo, creio em tudo
Porque não sou ninguém pra duvidar de algo ou alguém
Só sou o alguém que acredita
E que põe a mão no fogo
Mesmo que eu me queime
Eu nasci pra isso, fazer o que?
Poucas coisas realmente importam
E essa é a principal delas, a base
Tudo o mais são ramificações
Desdobramentos, setores, subdivisões
Sub-tipos de problemas, provindos do problema base
Vai saber...
Minha arte é essa
A arte do nada
A arte da embromação
Das palavras bonitas (mas vazias)
Ou talvez nem tão vazias assim..
Vai saber...
Tudo é uma questão de tudo
Enfim, nada mais me resta
Além do que sobrou pra mim
E vou dizer
Sobrou pra mim tudo o que preciso..
A dor, a saudade, a poesia,
Vida, morte, o tempo, música..
Inspirando, expirando e sempre pirando
Vou seguindo os passos que mais me chamam
Vou pelo caminho da gravidade
Como uma balança,
Pra onde mais pesar eu caio
E vou por lá
até que o ponto de equilíbrio mude novamente
A vida é isso, o desequilíbrio em busca do equilíbrio
A eterna balança que nunca para
Pra lá
E pra cá
E pra onde mais o peso pesar
Infinitas possibilidades
Traçadas a cada segundo
E “quem é que joga os dados”,
isso não é pergunta que se faça..
Ação e reação é bem mais simples do que parece
E acho ridículo querer complicar..
Cada um joga os dados, todos juntos, lógico.
(27/03/2006)

14.6.07

RIMA Nº 394

Não duvido de nada
Que me pareça vivo
E tem algumas coisas
Que sempre eu me esquivo
Mas tem outras que me atingem em cheio
Na ladeira abaixo, na banguela e sem freio

Roupa suja se lava em casa
Copo muito cheio quase sempre vaza
Sua piscina pra mim é muito rasa
Eu já sei flutuar, bem melhor do que a nasa

Vamos viajar juntos
Por esses e outros mundos
Ver o raso e o profundo
Uma semana, um mês, um segundo

13.6.07

DRAMACACOMÉDIA

Macacos aprendizes de feiticeiros
Macacos magos da energia
Macacos malucos
Macacos inquilinos
Macacos sem árvore
Macacos confusos
Macacos perdidos
Macacos felizes
Macacos beatnicks
Macacos junkies
Macacos de circo
Macacos nervosos por falta de nicotina,
tristes por falta de MD,
apáticos por falta de LSD.
Macacos relaxados fumando maconha.
Macacos que acordam cedo e se alongam.
Macacos tomando polivitaminicos.
Macacos sentados na privada.
Macacos correndo contra o tempo.

12.6.07

PARANORMAL

Surdas begonias ao lado do lixo
e o entardescer das belas cinzas
ao que restava de toda a sobra
mais faminta a vida vinha
E aromáticos tambores
batucavam sinfonias,
em estrondos e vapores,
catalépticos, suicídas,
urgem ao caos em seus labores
que não tem ida nem vinda,
sobram dores, sobram dores,
sobra tudo que agoniza
planeta terra casa azul
que cintila inerte e oscila
gráficos e tabelas de valores
resurgindo das pesquizas
sofre o ódio e os amores,
sofrem pessoas na surdina
gargalhadas gargalhantes
sorridentes na latrina
enquanto todos os leitores
sofrem a pobresa..
a pobresa de qualquer rima..
(7/6/7)

11.6.07

BOA NOITE

Se for pra gostar de mim,
tem que gostar do louco que sou
do louco que suo e que sei!
Não tem outro jeito.
Porque só sei ser assim,
nunca assado, queira a sorte..
no leste, oeste, sul ou norte.
Fodam-se as rimas
fodam-se as pulgas do meu dog
fodam-se todos!
...e durmam em paz...

10.6.07

BURRO DE CARGA

As vezes, não sai nada..
..ficam só flashbackando,
cenas e pensamentos..
de ontem,
de um ano atrás,
do presente, passado e futuro..
Como se tudo fosse agora..
E segurar, além de impossível,
seria inútil..
Agente acaba carregando
o mundo todo nas costas.

9.6.07

BÍPEDE

Acho que tenho dois pés
pra duas finalidades:

1ª Andar

2ª Sempre ficar com um pé atrás..

8.6.07

FORTE

A luz do Sol me ofusca os olhos.
Não sei se eu que sou fraco ou se o Sol que é forte.
Mas na verdade tanto faz. Pra mim o Sol e forte.
E para o Sol eu sou um fraco.
Por isso, quando o Sol está com raiva de mim e tenta me cegar,
Eu coloco rápido meus óculos escuros.
Pra mostrar quem é que manda,
E pra poder enxergar.
(01/03/2001)

7.6.07

CORUJA

A noite tem muitas faces.
Olho pra coruja
ela me olha em resposta
e me transformo em coruja num segundo,
então eu digo a ela:
-Aha! Por essa você não esperava hein!
Foi aí que tudo começou.

6.6.07

SER SÃO

Bom dia!
Uma da tarde...
Coluna??
Quebrada,
Anytime
Everywere
Aqui e agora
Quando exatamente?
No dia ‘D’
E se não for??
Aí fudeu.
Aí perdeu
O ônibus,
O trem,
O navio, avião.
Perdeu a viagem
Resumo da situação.
Quem não ganha, perde.
Quem perde, tem que achar..
Senão fica perdido.
Quanta asneira inútil.
Quanto vazio...
Quanta luta atoa...
Quantas horas são?!
Quanto o preço de ser são??
Quanto custa a sessão???
Fica a interrogação...

5.6.07

SE ACOSTUMAR

Sea, a costa, o mar..

4.6.07

INÚTIL

Piercing,
uma coisa assim:
‘não sei porque vim’
vaidade? talvez sim,
pra você e pra mim..

3.6.07

EMPREGADO

Sente o cansaço!
a noite acordada
o trabalho cedo
despertador trim blip beeem
sono eterno (nem tanto..)
calor, sonhos,
vida, realidade.
Sonhos vivos e reais,
agora ou nunca.
Até amanhã e boa noite..
(6/1/2)

2.6.07

BICHO BACANA

Boi no pasto
muge o dia todo
e mastiga grama

Boi no pasto
com aqueles chifres
a ninguém ele engana

Boi no pasto
depois do abatedouro
nem vê a grana

Boi no pasto
apesar de tudo
é um bicho bacana
(2003)

1.6.07

PASSADO

Não acredito em tempo perdido,
na minha concepção o timming
do mundo é perfeito
e tudo o que foi vivido
tinha que ser exatamente
daquele jeito..

31.5.07

DILÚVIOS

(As letras vão sair, sempre,
sem destino nem sentido,
despidas de todo o pudor
seja pra onde for...)

Abstrações, requintes de crueldade
tudo isso entre aspas, pra sempre
istoé, enquanto dure...
a poesia, quando real, ela simplesmente
surge, como o Sol da manhã ou até
mais inesperadamente ainda:
Pode surgir até de um desmatamento qualquer...
Dilúvios, telúricos, pobres mesmo de espírito
Nós, observando com olho de metal...
deixo sim, porque não?
(16/7/5)

30.5.07

CAIS

Cada um tem uma loucura maior que o outro.

E estamos todos na mesma,
estamos todos na merda.
Todos na mesma merda.

A cada dia é mais difícil
achar um dia pra te ver.
A cada dia é menos um dia.
A cada dia é hoje.

E hoje estou com fome,
sede, dor nas costas e
precisando de um cigarro.

Hoje eu penso nisso e muito mais.
E até coloco uma frase no mar,
só pra terminar com cais.

Cada um tem uma loucura maior.
(5/2/2)

29.5.07

É O JEITO

Várias intervenções
(e eu permaneço na espreita..)
Um avião estronda pelo céu
As paredes vibram grave
Me encolho, esticando’s ouvidos
(percebo agora que a ‘espreita’
permanece em mim..)
e eu.. Continuo na espreita
Lendo e remoendo cadernos velhos
Folhando fotos, revirando memórias,
Ouvindo gravações em fitas k7
Aquele som cheio de chiados
Cheio de chiados e de verdade, emoção..
Tentativas.. Descobertas, enfim,
o brilho sempre novo do amanhã
(fevereiro 2006)

28.5.07

LISERGIA

Lisergia é a poesia,
na qual o mundo,
a natureza, são poetas..
Não é bonita nem feia,
apenas é.

27.5.07

AUTO-RETRATO

Somos a juventude perdida,
A velha juventude perdida.
Cantando:
“-La cucaracha, la cucaracha
Já no puedes caminhar,
Porque no tienes, porque no tienes,
Mariajuana pra fumar..”

Mil anos a fio..
Nesse portunhol que quase engana..
Botando a culpa nos outros..
Queimando nossa memória,
Sentados em vinte sofás,
Queimando os dedos..
E soprando na velha gaita desafinada
Velhas canções de amor..
(fevereiro 2006)

26.5.07

AS NUVENS

As nuvens
densas
brancas
macias
frias
gigantes
mutantes
voam
sempre
leves
misteriosas
no Céu.
(mereciam
um poema
bem melhor..)

25.5.07

BLUES

vocês podem cortar minha luz
por falta de pagamento
mas não vão me tomar esse blues
no qual eu digo: sólamento...

de mim o mundo só quer dinheiro,
mas do mundo eu só quero é viver..
(19/2/3)

24.5.07

FERRUGEM

O que é importante pra mim?
Criar? Pensar? Explorar?
Passar o tempo? Jogar?
É importante jogar?
E ganhar???
Será que o empate é importante?
e perder??
Será que é importante perder?
Esse texto? Será importante ler isso?
O que é mais importante? Ler ou escrever?
Será que essas perguntas são importates?
E as respostas, será que tem alguma importância?
O que é mais importante? isso ou aquilo?
..
Saber eu não sei, mas suspeito que o mais
importante é não se importar com nada disso
nem daquilo..
(1/2/7)

23.5.07

A TRILHA

O caminho,
o meu caminho,
é o único que sei trilhar..
É incrível como já sei
exatamente o que fazer,
quando e como fazer,
intuitivamente,
por isso é quase
impossível pra mim
errar o caminho
ou me perder por aí..

22.5.07

ESPERA

Lisergia rima com poesia,
não é atoa...
Tudo vem da mesma energia
e navega na mesma canoa..

Nada é atoa na verdade,
tudo tem sua finalidade,
mesmo que não sirva pra nada,
cada coisa pode ser usada.

O tempo, a espera, a tinta da caneta,
tudo tão distante que é preciso uma luneta,
pra enxergar algumas coisas que prestem..
Olho as estrelas e me questiono,
se elas sobem ou descem?...

21.5.07

BRAINOIL (pra lubrificar seus neurônios!)

Buja da lambuja
e aí já começou
o fim
da linha

cego
pra sempre
já era
já foi
jacarandá
ou não dá
estrada solar
ou na estrada
ou no lar
notando ou
até sem notar
o caminho é meu
o caminho é nosso
é de quem caminhar
por cima dele,
trilhando-o,
criando-se-o.
(15/1/3)

20.5.07

CONSELHOS

Não sei o ritmo
e vivo procurando
o tom ideal pra
essa harmonia árdua..

‘deixa rolar’ me
aconselha meu lado
mais tranqüilo

Enquando isso, todos os
meus outros lados me
deixam pirado ao quadrado..

Então, sigo os dois conselhos:
deixo rolar sim, mas
sempre e sempre pirado..

19.5.07

CHUVA NA ILHA

A chuva cai na ilha...
Mas não cai de uma só vez,
cai em gotas..
Milhões de gotas que se
juntam pra formar a chuva.
E as gotas se jogam mesmo,
se jogam com tudo
e acabam de cara com o chão..

18.5.07

IMPASSE

José pensa que sim.
e João acha que não.
Conversam, se explicam, discutem atoa.
Depois brigam e se atacam, caem da canoa.
José pensa que sim.
e João acha que não.
Durante a vida inteira.
Ano após ano seguia a discórdia.
E sua maior barreira.
Era a verdade sobre essa história.
José pensa que sim.
e João acha que não.
E se perguntarem pra mim
quem está com a razão,
vou dizer com firmeza:
o José e o João,
todos dois tem certeza.
Se é sim ou se é não
só seguem a correnteza....
José pensa que sim.
e João acha que não.
Verdade é como cabeça,
cada um tem a sua.
Seja ela escura como a noite
ou branca e clara como a lua.

17.5.07

BOMBA-H

Explode poesia!
Enquanto ainda é tempo..
Explode, explode!
enquanto a chuva ainda
não molhou a pólvora..
Enquanto houver fogo,
pavio, sonhos, vida!
Explode sem medo!

16.5.07

DISFARCE

O futuro vem acelerado e com pressa
disfarçado de “um dia após o outro”
E quando você se dá conta,
já perdeu a conta dos anos.
E “as coisas” que você faz ou não da vida
depende simplesmente do que você está fazendo agora.
Porque “agora” é a única hora onde eu consigo viver.
Imagina-se o futuro, lembra-se do passado, mas viver,
só se vive mesmo é no presente, no agora, no hoje.
Por isso, preocupe-se e haja o mais rápido possível
caso você esteja fazendo algo que não queira,
porque a vida é sua, faça o que você quizer!
(6/10/4)

15.5.07

DECOLAGEM

Milhões de anos-luz depois
(ou talvez um pouco mais..)
acordo cedo novamente!
pra decolar mais uma manhã!

14.5.07

JUNGLE CITY

Quanto lugar inóspito
(nem me sinto daqui)
em meio a teias de aranhas,
só mais uma vespa, talvez..
zumbindo chato, insistente.
Zumbindo quase maliciosamente,
lambendo meu céu da boca e
me perdendo em mim mesmo,
como um cão atrás do rabo,
burramente, naturalmente, enfim,
nada surpreendente...
(carnaval 2006)

13.5.07

MISSA

..perplexo olhando a montanha, não posso deixar de vê-la como Deus. Deus ali pulando, gritando, só não vê quem não quer, ele brilha e existe hoje, respira em verdes, azuis, vento, amarelos, cores e flores mil..

12.5.07

HAIKAIS III

PECADO CAPITAL

Na padaria
o olho pula
de gula em gula


TERRORÍSMO

Eu vi um árabe:
ao vivo não,
só na televisão.

11.5.07

NO ESPELHO

Ar condicionado
condicionador
shampoo
champagne
chipanzé
microchips
microfibras
brasileiro
maconheiro
janeiro
agosto
encosto
mal gosto
seu rosto
sua cara
ou barata
cuspida
e escarrada

10.5.07

SAUDADESESPENSANDO

Pensando em parar,
segui adiante
seguindo a teimar
no caminho errante
e ao me enxergar
claro e brilhante
me olho no espelho
de mil amantes
e antes que me escape
o que eu já tivera antes,
me falta a certa
e sobram as errantes..

9.5.07

INTIMIDAÇÃO

E por falar em mal;
a única coisa que pode
assustar o mal é mais mal.
O mal não se assusta com o bem.

8.5.07

NOVES FORA

Percalços
Deslizes
Tropeços
As pedras do caminho
Um desvio secreto
Atalhos
Trilhas
Os mapas
As estrelas
Pontos de referência
Tentativas
Mais tentativas
noves fora,
resta a vida.

7.5.07

DESPERTAR

O que é que te desperta?
me diz quem é você...

o que você prefere:
Despertador ou prazer?

6.5.07

EU-ÁRVORE

Uma árvore só é
uma árvore se for
uma árvore.

Só uma árvore pode
ser uma árvore.

Por isso, só eu
posso ser eu.
Consequentemente,
só posso mesmo ser eu.

5.5.07

A MONTANHA

A montanha é a majestade muda.
Lá de longe, ela domina
pela imagem grandiosa.
Grande, verde e viva.
A montanha respira,
inspira, transpira.
A montanha me pira.
A montanha se agita
e de longe me grita!
A montanha é paradona,
não se move há séculos.
Pode até parecer que não,
mas a montanha sabe muito.
A montanha sabe das coisas
e tem a cabeça nas nuvens...
(23/5/4)

4.5.07

TEMPORAL

Nem idéia...
tempo
temporal
mano
manual
vida
tudo igual
sina
um sinal
entre
o bem
e o mal
etecétera
e tal..

3.5.07

ARMADILHA

Porque está pergunta?
qualquer pergunta
que se faça..
qualquer uma mesmo..
carrega escondida em si
esta outra pergunta,
que chega até a primeira
pergunta a pergunta:
porque está pergunta?

e aí começa tudo de novo,
tudo outra vez..
(15/1/3)

2.5.07

AVENIDA

Verso corre solto
Na avenida chapalouco
Olhando em volta
Não se incomoda
Com nenhum formato
Que a lente foca
Ouve esse som
Que agora toca
Fura sua mente
Sem nenhuma broca
Não comente, sinta
Não minta, tente
(9/6/3)

1.5.07

CHICO

Nem todo Chico é Buarque
e Chico Buarque nem é mais tão Chico assim,
talvez em algum passado, porque depois de um tempo,
ficou muito mais pro chique do que pra Chico.
A evolução as vezes é perversa...
(6/5/6)

30.4.07

GASTRONOMIA

Poesia descabida
Calabresa, apresuntado..
Toda a morte em nome
de um bife acebolado!
(2005)

29.4.07

CINZEIRO APAGADO

Tanta coisa a fazer
hoje agora
na cabeça azul
aqui, lá fora
de doido de cola
pra pirar num
som viajandão a mil
cruzand’o Brasil
como eu queria aconteceu
eu e vocês, vocês duas
sua companhia agora
e também a sua
aquele cantor imbecil
mesmo quando não desafina
de sempre certo
não chega nem perto
rimando amor com dor
criatividade com incolor
indo longe mesmo
o cigarro aceso
no cinzeiro apagado
já era, tá falado

28.4.07

GEOMETRIA

Vai saber do já foi ou que virá...
Vai tentar se explicar demais
Vai tentar e tudo em vão
Sem achar explicação
Não me julgue mal
Acredito só no caos
Na natureza
Todo o resto é besteira
De nada servem planos
Se os acertos são enganos
Já não sei pra onde correr
Já não tenho o que escolher
(26/4/5 19h00)

27.4.07

FALASÉRIO

Falasério!
Dont worry, be happy!
Cada cabeça,
faz como quizer...
Não existe frustação
nem preocupação,
que não sejam por opção!
Conscientemente ou não...
então falasério!
Dont worry, be happy e
sirva-se de mais uma
fatia do nosso bolo!
E vamos viajar juntos,
por esses e outros mundos,
uma semana, um segundo...
E como é fácil, como é bom
Não compreendo a incompreensão
desse meu ponto de vista!

26.4.07

BUGGY QUEBRADO

Cabeça
cérebro
espaço
linha
agulha
fogo
já era
glacial
elefante
natureza
há, loucura mesmo,
palavras a esmo
na folha,
da árvore,
da floresta,
do bosque gigante,
seilá daonde,
tanto faz,
sem motor de arranque,
já era, não vai a lugar nenhum,
plunctplactzum!

25.4.07

COMPREENSÕES (ou 'VAI SE INTERNAR LOGO' ou 'FUGA DO HOSPÍCIO')

Não tiro a razão de ninguém que não consiga me entender.
Endendo perfeitamente, acho até que se eu não fosse eu,
jamais conseguiria me entender.. Imagine: eu que sou eu,
sendo eu, já não me entendo, imagina se eu fosse outra pessoa..

24.4.07

ALFORRIA

Se sou dono da minha vida: não sei..
Minha certeza é que me sinto o Rei!!
...
(ou, quem sabe, um andarilho..)

23.4.07

AGREGANDO

A vida
vivo
escrevo
vivo
escrevivendo
no caderno-mundo
vivendoideras
tentado a tentar
fazendoideras
sendoido
irremediavelmente
insanacesa
prasempresententandouvir
as minhasuasnossas vozes
gritandoideras
semfinanças
improvisadança
sem fim
(28/6/3)

22.4.07

LISERGIA Nº93245

Beleza, padrões, repetições, formas, variações, cores, sons, retas, curvas, ritmos, plantas, brilhos, idéias, sabores, vida, visões, vozes, flores, areia, links, texturas, nuvens, o céu, a Lua, estrelas, fogo, fumaça, energia, pensamentos, fervendo, em gotas, reflexos, sombras, ruídos, pessoas, frios, calores, o Sol, arrepios, o vento, o tempo, e muito mais..

21.4.07

NUA E CRUA

Um bando de banda na rua
Um tombo de banda na Lua
Tapanacara: Gamou..

Pernilongo na caneta,
nada de haikai,
xaropação mesmo..

Já torceram e distorceram
por você, mesmo assim,
nunca dá o braço a torcer..

Fodam-se todas essas lorotas de amor.
Nem me venham com essa de ‘alguém especial’
Pópara com essa palhaçada!
Que ‘eu eu você’ que nada..
Eu sou eu, você é você,
tou afim de curtir,
enquanto quizer, tou aqui..
Mas não abusa da boa vontade não, neném..
senão te mando à merda!

20.4.07

MONARQUIA

Tudo são fases,
o tempo é rei
e mais ninguém..
seu primeiro ministro
é o caótico acaso
e o ministro da justiça,
digníssimo doutor Sid Vicious,
tocando seu baixo errado
mas que sempre deu certo.
E a mais nova medida provisória
é a seguinte: não existe nada disso,
nem essa medida provisória,
nem essa declaração acima,
dizendo que nada disso existe,
Nem mesmo eu existo,
nem o Papai Noel existe..
“I dont wanna a holliday in the Sun!”

19.4.07

MUDANÇA

O tempo é de mudança
mas ainda sobra uma hora
pra poesia

Sigo na andança
sempre é agora
a minha sina

Não sei nem onde estou
nem sei onde vou parar
o que era velho terminou
só falta o novo começar

A cada passo na pista
me ponho em novo lugar
a conseqüente conquista
dia-a-dia a batalhar

Enquanto não chego lá
vou morando em muitas casas
nova casa, novo lar
vou batendo as minhas asas

18.4.07

SARNENTO

Eu sô sarnento
mas eu não ligo
porque os cachorro
são meus amigo
Eu sô sarnento
mas não me importo
se dá coceira
eu pego e coço..
(17/1/5)

17.4.07

CHEMICAL MOLOTOV

A mistura imprevisível
de efeitos e reações,
me instigam, justamente
por não se saber qual ação
gerou cada reação. Enfim,
parque-de-diversões,
laboratório humano,
quem sabe até
roleta-russa..

16.4.07

AZULEJOS

As portas estão abertas
pra quem quizer entrar
acordar todo dia
de frente pro mar
e no desenho do azulejo do banheiro
eu desvendo facilmente o segredo
flores e folhas frias na parede
dilemas, escolhas, matar a minha sede

15.4.07

AUTOQUESTIONAMENTO

Pra que poesia?
se existem jardins,
florestas, cachoeiras,
tudo de verdade?

Pra que poesia?
se existem amores,
com dores, impossíveis
e tudo de verdade?

Pra que poesia?
se todos os nasceres
e pores do Sol existem
e são de verdade?

Pra que poesia?
se existe a vida,
o mundo,
o dia de hoje??

14.4.07

ISMOS

Um grande videogame super-realista
A meia-verdade que te despista
Mais um nome em minha lista
Mesmo que dia-a-dia eu insista

Tamos juntos no sem-fim
Todo lobo tem matilha
Ou nem tão sempre assim
Sempre na pilha
Correndo ao vento, a esmo
Tamos todos perdidos
e acho que é isso mesmo
parece sem sentido

O texto sai ao quadrado
as vezes ao cubo
Mas eu é que não me enquadro
só surfo fora do tubo
Quando o som entra no ouvido
Logo me sinto tranqüilo
e penso nisso e naquilo
entre um e outro pito.
(2004)

13.4.07

BRAINSTORMING nº48

Íntegra,
partícula,
célula,
parte,
átomo,
tudo,
totalidade,
completude,
pendência,
equivalência..

12.4.07

GIRADOR

Enquanto o mundo girar,
mesmo que eu nunca veja o giro,
eu vou estar aqui, girando..
Girando e pensando se
realmente o mundo gira..

Enquanto eu penso se o mundo gira,
o mundo na pensa sobre mim,
e gira, gira gira sem parar..

Gira tanto que me deixa tonto,
tonto só de pensar no tanto
que é loucura saber que o mundo gira

Mas a loucura mesmo é que,
mesmo estando sempre a girar,
ninguém cai por causa disso!
Quando caímos, sempre é por
causa dos nossos próprios tropeços..
(19/1/3)

11.4.07

POEMA ASNO-BRASILEIRO

O mundo tá cheio de gente ruim.
Acham bom tudo que é mal.
E é tanta gente assim,
que o principio foi pro final.

E na terra tupiniquim,
seguidores do padrão.
Milhões comendo capim,
com uma pedra em cada mão

10.4.07

CRÍTICA À NASA

A Nasa é especialista em animações por computador e fotos de satélite, mas E.T. que é bom mesmo, nada..

9.4.07

POEMA BREGA ESCATOLÓGICO DO ACASO

Caso o acaso quizesse
Causar a ocasião
Criando caminhos cruzados
Te botando na minha mão
Eu não deixaria escapar
Não perderia nem um grão
Desse grande prato feito
Que alimenta meu coração