10.8.07

GRANDE NOVIDADE

As ruas, calçadas, placas de trânsito, bueiros, grades, janelas, escadas, subindo e descendo, o concreto, cimento, tijolos, pedras, areia, a massa, tintas, cores, texturas, paredes, chão, teto, a grama, o céu, estrelas, a Lua, nuvens, viaturas policiais, caminhões de lixo, bicicletas, as crianças correndo, o catador de latinhas puxando sua carroça, os cachorros vira-latas e os gatos rasga-sacos, formigas, baratas, azulejos, a banca de revistas, os pontos-de-ônibus, o bêbado da praça e todos os taxistas, arbustos, gaiolas, os carros indo e vindo, as casas, prédios, becos-sem-saída, a praia, o mar, as ondas, antenas de celular, os aparelhos de TV, a energia elétrica, as folhas que caem no outono, a ventania, o movimento, fones de ouvido, um mergulho, um banho quente no inverno, as chaves, fechaduras, cadeados, correntes, portas, pessoas, personagens, as memórias de cada um, o tempo fugindo sempre, o jornal nacional, a copa do mundo, as favelas, a novela das oito, tramas, dramas, comédias, ilusões, frustações, um maço de cigarros, o cinzeiro entupido, as geladeiras, fogões, máquinas de lavar, o ronaldinho, a hebe camargo, jimmy hendrix, elis regina, meu pai, seu tataravô que você nem sabe quem é, os poços de petróleo, vulcões adormecidos, o movimento tectônico, o cometa harley, enfim, é tudo a mesma merda.
(2 de março de 2006 22h)

9.8.07

HORA CERTA

Tudo tem um começo
mas acabo terminando pelo final
..que acabou de começar

Detalhes, minúcias, nuances, sutilezas
o acabamento fino, a escultura milimétrica
tudo o que for sem sentido
e a mensagem oculta
com seus múltiplos significados

Enquanto tento decifrar o meu significado,
observo minha gata hipnotizada com a mosca que caça.
E me sinto perdido.. Sou insano, sou louco..(dizem as vozes perdidas..)
Sou eu, sou eu..(diz a voz encontrada..)
e quando parece que estou estático, na verdade estou mesmo
é aguardando o momento propício, a condição favorável,
enfim, a hora certa

8.8.07

Palavras na Parede

(ou: 'Dazed and Confused')

Não me sinto mais confuso
(como antigamente)
hoje eu uso e abuso
da clareza na mente
não sei quase nada de quase tudo
e o que eu sei não tenho certeza
mas sei nadar e não me afundo
mesmo indo contra a correnteza
porque o que eu quero é só o melhor
em todos os sentidos, todas as direções
pra mim, você e todo mundo ao meu redor
e isso sempre eu vou fazendo,
evitando as ilusões...

Paz: é muito mais do que uma palavra na parede.
é mais ou menos como se balançar numa rede
não é difícil nem é pra complicar
e vocês ficam tentando entender e explicar
sem perceber o tempo que perdem
ao invés de simplesmente aproveitar
(1/7/3)

7.8.07

SEQUELAS MIL

Minha cabeça pulula
e meu cérebro quase
que pula pra fora dela.
Nessas horas é foda
manter seu cérebro sob controle
(Já pensou na hipótese da minha
gata nunca ter existido?)
Muitos planos e sonhos.
Vivendo e vibrando.
Torcendo e esperando
que tudo dê certo.
Seqüelas mil, já viu...
É assim mesmo
em todo termo
nativo ou estrangeiro
agosto ou janeiro
raspada ou com pêlo
os últimos e os primeiros
sem sal ou com tempero
você vai ver...

5.8.07

FLASHBACKS

Flashbacks, retorcendo as paredes.
Novidades, só mais pó sob os tapetes.
A intensidade indescente dessa sede..
Vou murmurando e dissolvendo pelas ruas,
olho pro céu e já são mais de três luas.
Me balanço, trapezista do vazio.
Não me canso e vai queimando o pavio,
lento a voar como a fumaça do cigarro,
mas se desejar, piso no freio e logo paro..
Enquanto a vida for a vida eu vou
partindo deste ponto onde estou
e meu lugar é sempre um pouco mais
na frente d’onde eu estava um segundo atrás..
Parece fácil, mas nada é tão fácil assim,
nem tão difícil, que não se resolva no fim..
Mas vivo o hoje e duvido de um final,
a história segue, só que nem tudo fica igual
ao que era antes, o que era no começo,
seres errantes, aprendendo co’s tropeços..

4.8.07

COBERTOR

(título alternativo: 'Poema Tragicômico do Amor Exagerado em Tempos de Inverno')

Roubar o cobertor
só é um atalho
pra que o amor
se tranforme em dor!

3.8.07

A FOICE

Enquanto a lama escorre
cuspes no asfalto evaporam
tudo girando, funcionando
bem mais do que sistemas
ou qualquer coisa assim
bem mais que tudo: o caos
pedindo informação, pedindo um cigarro
e de repente (porque assim que tem que ser..)
não mais que de repente... a morte
vestida de branco, só pra disfarçar
te enganou direitinho
caiu como um pato
pato não, presunto mesmo
presunto no chão, sem mais delongas
foi dessa pra melhor
e veio bem no dia marcado
(justamente por isso, você nem esperava)
mas ela veio mesmo, no dia certo
local exato, pessoa, hora, foi.
E você tentou até dizer que não,
que devia ser com outra pessoa,
que com certeza a tua hora ainda não tinha chegado,
mas a morte é velha e surda,
rodopiou a foice no ar
e numa manobra exibicionista,
girou a lâmina tirando-lhe a vida
ela não estava pra brincadeiras,
e gostava de aparecer...

2.8.07

ALL MY LIFE

Junkie life.
All my life?
Junkie life,
All my life..
I don’t wanna get a wife.
I don’t want to eat witch knife.
Junkie life,
All my life!
(2005)

1.8.07

MARESIAS

O caos se desdobra,
surpreendentemente..
Máscaras caindo
Transparências, indecências
O ser humano num espelho
e por água abaixo algumas coisas.
Destroços, enfim. Monumentos de outrora.
Grande merda enfim, mas é claro
sempre nos resta a experiência.
Em sumo: Nada além da vida
aprendizados, erros, acertos, tentativas.
A esperança que lutou pra resistir
Uma gota d’água pingando após a outra
Incessantemente. No fundo da mente..
Perturbadoramente a uma hora dessas.
Sirenes no filme da TV me acalmam
mostrando que tudo poderia ser pior
Mas não tem muito efeito
continuo de galho em galho
macaco dos pensamentos
saltando idéias, árvores,
penhascos, despenhadeiros,
um bêbado na corda bamba
sem cair, minutos, horas,
dias, toda uma ou duas vidas,
insetos no gramado, pedras,
folhas, arbustos, ervas-daninhas
e uma flor, transformada em duas,
no reflexo mágico da água empoçada..
(2/2/6)