30.6.07

SEM MOTIVOS

Não é só porque te amo
que tens que me ouvir
ou me dizer algo

Não é só porque te amo
que tens que agüentar
meus medos e paranóias

Não é só porque te amo
que tens que estar comigo
nos dias de chuva

Não é só porque te amo
que sou louco do absurdo
de te amar, por querer

Não é ‘só’ porque te amo,
mas sim, porque ‘te amo
e isso é tudo!’

29.6.07

NO OCEANO

“Nada como um dia após outro dia”
Nada como um café com leite
no estômago vazio.
Nada como a desconfiança
freqüente e total.
Nada como a falta de
assunto pra escrever.
Nada como uma baleia...

28.6.07

IMPROVISO

Uma pizzaria na esquina.
Fechada, com as cadeiras sobre as mesas.
Janelas dos apartamentos fechadas.
Na padaria alguns trabalhadores com sono,
servem café pra quem precisa ou quer acordar.
O teatro continua firme e forte, sem roteiro,
e a deixa já foi dada, só nos resta improvisar..

27.6.07

LOUCONSUMO

Minha máquina corpo que nunca para, roda e consome. Sempre um pouco mais. Mais uma cartela de chicletes, mais tickets de estacionamento, mais gasolina, mais um isqueiro, um cigarrinho, mais um copo de nescau, ou de tequila, mais uma dose, mais pasta de dente, mais roupas, sabão em pó, mais energia elétrica, mais água, mais um mês de aluguel e outra prestação do carro, mais um filme na locadora ou no cinema, mais um livro, mais um prato de comida, mais créditos pro celular, mais shampoo, sabonete, papel higiênico, mais giletes pra barba, mais cds, mais uma caneta, cadernos, acesso à internet, mais um cafezinho, um misto-quente, uma bala, um doce, mais um baseado, uma cerveja, mais óleo, fluido e pastilhas de freio, pneus novos, lençóis, cobertores, casacos, mais um milkshake no bob’s, mais um doritos, mais uma coca-cola, mais uma escova de dentes, mais um tênis, meias, mais um miojo, um copo de chá mate, mais cordas de violão, mais um dia, uma noite...

26.6.07

NAFTALINA

Tenho que me livrar de velhos fantasmas.
Teias de aranha que insistem em ficar grudadas.
Pelos cantos. Todos os cantos.
Sanguessugas de vida e esperança.
Tenho que jogar toda essa tralha no lixo.
Tem horas que a reciclagem é impossível.
E mesmo que fosse possível, não seria aconselhável.
Tem horas que o melhor é deixar tudo pra traz mesmo.
Enquanto isso fica só na teoria, vivo nesse emaranhado.
Em meio a mil nós cegos. Superbonder em lágrimas brilhantes.
Tudo nem meio a esse indescritível mozaico hipotérmico.
Quase congelante. Viagem no tempo, sempre pro futuro..
E os espirais na parede permanescem estáticos por alguns momentos.
É quando o limite entre o que eu quero que exista e o inadmissível se rompe.
E depois desse limite, lamento informa-lhes senhores passageiros, mas
depois desse limite, não há mais nada por ser observado...
nada além da vida, em sí e pura..
(11/6/7 19h46)

25.6.07

MUTAÇÃO

Eu queria ter olhos nas costas,
mas que ninguém ficasse sabendo.
Eu poderia ver muitas coisas,
sem saberem que eu estava vendo.
(17/10/00)

24.6.07

GLOBALIZAÇÃO

Golden Tamarin,
Não sei porque
Te chamam assim.
Golden Tamarin,
Tu és apenas
Um mico pra mim.
Golden Tamarin,
Só não vou pra amazônia,
Porque meu celular é da Tim.
Golden Tamarin,
Tu és um prenúncio
Da chegada do Fim.
(20/05/03 18h20)

23.6.07

PRECE

O caos me entrega o caderno
traço planos de acordo com
um dia de cada vez, com calma
paciência, que nunca matou ninguém
paciência, que acalma os justos
prefiro me retirar a uns 300 metros
ficar ali por cima só observando
o teatro cômico que se apresenta
mas meus olhos abertos pra tudo isso,
acarreta que estejam abertos também pra outro fato,
o fato de que (in)felizmente (?!?) não posso fugir,
também sou ator hilário, nessa comédia bizarra,
e represento meu papel querendo ou não,
mesmo que fosse o papel desse louco que
sabe sim da sua loucura, mas sabe também
que é (in)felizmente (?!?) tão são quanto
qualquer infeliz debaixo desse céuzaum!!!
do jeito que for
vamo nessa
se melhorar estraga..

22.6.07

IDEOLOGIA

Minha ideologia é a dos cachorros, dos gatos, dos mosquitos. Minha ideologia é a das folhas, flores, dos grilos. Minha ideologia balança com o vento. Minha ideologia é a dos vulcões, das tempestades, dos trovões e do Sol que seca tudo depois. Minha ideologia é a pura natureza, gritando, mugindo, fazendo como quizer...

21.6.07

INCOLOR

Tanta coisa a fazer
Hoje agora
Na cabeça azul
Aqui, lá fora
De doido de cola
Pra pirar num
Som viajandão a mil
Crunzand’o Brasil
Como eu queria aconteceu
Eu e vocês, vocês duas
Sua companhia agora
E também a sua
Aquele cantor imbecil
Mesmo quando não desafina
De sempre certo
Não chega nem perto
Rimando amor com dor
Criatividade com incolor
Indo longe mesmo
O cigarro aceso
No cinzeiro apagado
Já era, ta falado.
(2004)

20.6.07

CIENTÍFICO Nº326

Enquanto espero
sentado fumando
o tempo reto
vai circulando

Caóticos espirais,
espirros de vida.
Caóticos espirais,
esporros de vida!

A invenção da roda,
a química borbulhante,
faíscas..

As ondas batem e voltam.
Mas as ondas que voltam,
não são as mesmas
ondas que bateram..

19.6.07

RAIOS

No mesmo lugar de sempre
aqui de cima das antenas
posso captar melhor o sinal
que viaja pelo universo
decifrar o código,
quem vai saber ao certo?
Não existe tempo, nem distância,
não existe o longe e o perto.
São só idéias na nossa cabeça
assim como tantas outras coisas
São só idéias na nossa cabeça..
E continuo, continuamente,
no mesmo lugar de sempre..
(14/12/5)

18.6.07

DESCALABRO N°85

Nas horas mais imprevistas
Sob tanta chuva seca
Rastejando entre as núvens
A areia é sempre areia

Tudo é o que está
enquanto se está sendo
O que nunca foi, não será
Perto-Longe do veneno

Mergulhado em pelos curtos
assepticamente hipócrita
(ou hipócritamente asséptico)
Mastigo esse banquete defunto

Enquanto finjo que acredito
poeira, rocha, areia, partícula..
A mesa da sala me adimensiona
entre o leve e o rápido: Macaco
perplexo, estático, esculpido (eu..)

17.6.07

SOBREMESA

O laboratório continua
experimentos mil
e faíscas por todo lado
reflexos do invisível
descendo a escada
lado a lado, a conspiração
a ação, reação, interrogação
fumaça subindo, desenhando o ar
ruídos da cidade, toda uma vida
o espectograma verídico disso tudo
enquanto ainda tem alguém aqui
depois, só o que restar
nada mais: sobremesa
vozes e latidos, uma moto gritando
mais latidos, mais motos
aviões, bombardeio
um tanque de guerra
(tem coisa mais ridícula??)
lutando pela paz
tudo isso e muito mais
tudo o que estiver além da margem
tudo o que for fragmento ou espiral
talvez algum tipo novo de infinito
fractais no meu lençol, rodam
rodam, funcionam, derretem
sou engolido pelo pano
mastigado, cuspido e escarrado
e quando eu era só um cuspe no chão
me lembrei de tudo o que já tinha esquecido
(2/11/5 1h00 am)

16.6.07

PUBLICIDADE

Sentado numa mesa
da Antarctica.
Azul. Com pingüins.
A tatuagem nas costas da menina.
Conversa comigo. E me diz.
A vida continua. É grave.
É grávida. E de barriga de fora.
A gravidez oculta da menina-motorista.
Que se revela quando desce do carro.
Comentários dos mais vários. Esquisitos.
A coca-cola em seu último copo.
Garrafa vazia. Sem alma. Transparente.
Porque a alma da coca-cola é negra. E borbulhante.
A coca-cola é onipresente, como Deus.
Mas não é Deus, é só coca-cola.
E eu sei que ela se sente mal ao notar-se
em cima de uma mesa da antarctica.
Enquanto isso, lá de um canto quase escondido do trailer,
uma caixa de papelão me grita: ‘-Beba guaraná!’
Me sinto perdido e não sei mais o que beber.
O que eu faço se agora já é tarde demais
e eu já estou cheio de coca-cola???
Tudo bem, espero descer e tomo uns copos d’água...
Porque a sede sempre volta.

15.6.07

OS DADOS

Podem roubar tudo de mim
Nunca roubarão meu sonho
Podem me desacreditar
Duvidar de cada palavra minha
Eu continuo acreditando
Em mim, no mundo, nas coisas
No meu niilismo, creio em tudo
Porque não sou ninguém pra duvidar de algo ou alguém
Só sou o alguém que acredita
E que põe a mão no fogo
Mesmo que eu me queime
Eu nasci pra isso, fazer o que?
Poucas coisas realmente importam
E essa é a principal delas, a base
Tudo o mais são ramificações
Desdobramentos, setores, subdivisões
Sub-tipos de problemas, provindos do problema base
Vai saber...
Minha arte é essa
A arte do nada
A arte da embromação
Das palavras bonitas (mas vazias)
Ou talvez nem tão vazias assim..
Vai saber...
Tudo é uma questão de tudo
Enfim, nada mais me resta
Além do que sobrou pra mim
E vou dizer
Sobrou pra mim tudo o que preciso..
A dor, a saudade, a poesia,
Vida, morte, o tempo, música..
Inspirando, expirando e sempre pirando
Vou seguindo os passos que mais me chamam
Vou pelo caminho da gravidade
Como uma balança,
Pra onde mais pesar eu caio
E vou por lá
até que o ponto de equilíbrio mude novamente
A vida é isso, o desequilíbrio em busca do equilíbrio
A eterna balança que nunca para
Pra lá
E pra cá
E pra onde mais o peso pesar
Infinitas possibilidades
Traçadas a cada segundo
E “quem é que joga os dados”,
isso não é pergunta que se faça..
Ação e reação é bem mais simples do que parece
E acho ridículo querer complicar..
Cada um joga os dados, todos juntos, lógico.
(27/03/2006)

14.6.07

RIMA Nº 394

Não duvido de nada
Que me pareça vivo
E tem algumas coisas
Que sempre eu me esquivo
Mas tem outras que me atingem em cheio
Na ladeira abaixo, na banguela e sem freio

Roupa suja se lava em casa
Copo muito cheio quase sempre vaza
Sua piscina pra mim é muito rasa
Eu já sei flutuar, bem melhor do que a nasa

Vamos viajar juntos
Por esses e outros mundos
Ver o raso e o profundo
Uma semana, um mês, um segundo

13.6.07

DRAMACACOMÉDIA

Macacos aprendizes de feiticeiros
Macacos magos da energia
Macacos malucos
Macacos inquilinos
Macacos sem árvore
Macacos confusos
Macacos perdidos
Macacos felizes
Macacos beatnicks
Macacos junkies
Macacos de circo
Macacos nervosos por falta de nicotina,
tristes por falta de MD,
apáticos por falta de LSD.
Macacos relaxados fumando maconha.
Macacos que acordam cedo e se alongam.
Macacos tomando polivitaminicos.
Macacos sentados na privada.
Macacos correndo contra o tempo.

12.6.07

PARANORMAL

Surdas begonias ao lado do lixo
e o entardescer das belas cinzas
ao que restava de toda a sobra
mais faminta a vida vinha
E aromáticos tambores
batucavam sinfonias,
em estrondos e vapores,
catalépticos, suicídas,
urgem ao caos em seus labores
que não tem ida nem vinda,
sobram dores, sobram dores,
sobra tudo que agoniza
planeta terra casa azul
que cintila inerte e oscila
gráficos e tabelas de valores
resurgindo das pesquizas
sofre o ódio e os amores,
sofrem pessoas na surdina
gargalhadas gargalhantes
sorridentes na latrina
enquanto todos os leitores
sofrem a pobresa..
a pobresa de qualquer rima..
(7/6/7)

11.6.07

BOA NOITE

Se for pra gostar de mim,
tem que gostar do louco que sou
do louco que suo e que sei!
Não tem outro jeito.
Porque só sei ser assim,
nunca assado, queira a sorte..
no leste, oeste, sul ou norte.
Fodam-se as rimas
fodam-se as pulgas do meu dog
fodam-se todos!
...e durmam em paz...

10.6.07

BURRO DE CARGA

As vezes, não sai nada..
..ficam só flashbackando,
cenas e pensamentos..
de ontem,
de um ano atrás,
do presente, passado e futuro..
Como se tudo fosse agora..
E segurar, além de impossível,
seria inútil..
Agente acaba carregando
o mundo todo nas costas.

9.6.07

BÍPEDE

Acho que tenho dois pés
pra duas finalidades:

1ª Andar

2ª Sempre ficar com um pé atrás..

8.6.07

FORTE

A luz do Sol me ofusca os olhos.
Não sei se eu que sou fraco ou se o Sol que é forte.
Mas na verdade tanto faz. Pra mim o Sol e forte.
E para o Sol eu sou um fraco.
Por isso, quando o Sol está com raiva de mim e tenta me cegar,
Eu coloco rápido meus óculos escuros.
Pra mostrar quem é que manda,
E pra poder enxergar.
(01/03/2001)

7.6.07

CORUJA

A noite tem muitas faces.
Olho pra coruja
ela me olha em resposta
e me transformo em coruja num segundo,
então eu digo a ela:
-Aha! Por essa você não esperava hein!
Foi aí que tudo começou.

6.6.07

SER SÃO

Bom dia!
Uma da tarde...
Coluna??
Quebrada,
Anytime
Everywere
Aqui e agora
Quando exatamente?
No dia ‘D’
E se não for??
Aí fudeu.
Aí perdeu
O ônibus,
O trem,
O navio, avião.
Perdeu a viagem
Resumo da situação.
Quem não ganha, perde.
Quem perde, tem que achar..
Senão fica perdido.
Quanta asneira inútil.
Quanto vazio...
Quanta luta atoa...
Quantas horas são?!
Quanto o preço de ser são??
Quanto custa a sessão???
Fica a interrogação...

5.6.07

SE ACOSTUMAR

Sea, a costa, o mar..

4.6.07

INÚTIL

Piercing,
uma coisa assim:
‘não sei porque vim’
vaidade? talvez sim,
pra você e pra mim..

3.6.07

EMPREGADO

Sente o cansaço!
a noite acordada
o trabalho cedo
despertador trim blip beeem
sono eterno (nem tanto..)
calor, sonhos,
vida, realidade.
Sonhos vivos e reais,
agora ou nunca.
Até amanhã e boa noite..
(6/1/2)

2.6.07

BICHO BACANA

Boi no pasto
muge o dia todo
e mastiga grama

Boi no pasto
com aqueles chifres
a ninguém ele engana

Boi no pasto
depois do abatedouro
nem vê a grana

Boi no pasto
apesar de tudo
é um bicho bacana
(2003)

1.6.07

PASSADO

Não acredito em tempo perdido,
na minha concepção o timming
do mundo é perfeito
e tudo o que foi vivido
tinha que ser exatamente
daquele jeito..